Conflitos costumam ser vistos como algo negativo, algo que precisa ser evitado. Mas conflitos fazem parte da vida, pra onde quer que formos, com quem quer que estejamos, situações inesperadas, opiniões diferentes, milhões de variáveis ocorrerão e nos sentiremos em conflito outra vez. Porque os conflitos nos pertencem, eles não estão nos outros. Não foram criados ou trazidos por eles.

Você já parou pra escutar o que o conflito que está vivendo diz sobre e para você?

Quando compreendemos que somos parte dos conflitos que temos a possibilidade de começar a escutar e compreender o que todos (nós e os outros) estamos de fato desesperada e desajeitadamente pedindo e precisando.

Marshall Rosenberg, o criador da CNV (Comunicação Não Violenta) insistia em repetir “Agressões são expressões trágicas de necessidades não atendidas.” Durante os conflitos, por trás dos gritos, de palavras cheias de raiva e amargura existe uma pessoa com necessidades que não foram supridas. Há um pedido feito, muitas vezes, de forma violenta ou estranha para que algo de que essa pessoa precisa muito para viver se realize. Ao termos clareza de nossas próprias necessidades aquela raiva que nos preenchia por dentro deixa de nos tomar. Ao reconhecermos as necessidades dos outros conseguimos baixar os ânimos e começar a buscar outras formas de realmente atendê-las.

Podemos passar a vida cheios de mágoa, ódio ou tristeza por não termos suprido nossas necessidades mais profundas, ou podemos decidir expressá-las de forma que o outro possa ouvi-la – sem agressões ou julgamentos. Podemos gastar os dias nos defendendo e atacando ou podemos escolher escutar na fala do outro àquilo de que ele tanto precisa e não tem conseguido para sobreviver e ser feliz.

Quando acreditamos que o outro é a fonte de nossa satisfação ou insatisfação retiramos de nossas mãos a possibilidade de agir para criar, para protagonizar nossa própria realidade e bem estar. Não são os outros que tiram nossa paz ou tranquilidade. Paz e tranquilidade são necessidades nossas, em um determinado momento e contexto, e que são criadas internamente. Somos nós os responsáveis pelas escolhas que usamos para criar e manter a maneira como nos sentimos. É importante compreender que sentimentos de bem estar ou mal estar não vem de fora.

Quanto da realidade que queremos tanto mudar não construímos diariamente com o que escolhemos?

Que tal a partir de agora buscarmos prestar uma atenção diferente na forma como expressamos o que sentimos e precisamos? Quem sabe o que pode acontecer de novo se decidirmos escutar o que o outro tanto precisa e tem pedido, nem sempre apenas com palavras?

Cada momento de comunicação, de interação com o outro, seja a pessoa mais parecida ou mais diferente de nós, é uma valiosa oportunidade de descobrir e compreender o humano em cada ser. Criamos assim uma ponte onde há a possibilidade de caminharmos lado a lado. Com ela podemos coexistir. É desta forma que transformamos a realidade em que vivemos. Possibilitamos um mundo em que para conviver bem não seja requisito ser igual, pensar e agir da mesma maneira. Um mundo em que apenas por existir, do jeito que formos, seja cotidiano conversar, realizar e simplesmente ser.

LARISSA ROXO – Assessora em Comunicação, Coach e Fonoaudióloga CRFª 13 921

Graduada em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica PUC/SP;
Aprimoramento em Saúde Coletiva pela Universidade Católica PUC/SP;
Certificada pelo Instituto Holos de Qualidade através da International Coach Federation como Coach e Mentoring;
Pós graduada em Motricidade Orofacial com Ênfase em Disfagias no Âmbito Hospitalar CEFAC/SP;
É  Mentora em Comunicação, Coach e Fonoaudióloga clínica. Com atuação no desenvolvimento de pessoas para o aperfeiçoamento da competência comunicativa, aprimoramento da comunicação verbal, comunicação não verbal, escuta ativa, recursos vocais, comunicação não violenta e transformação de conflitos, desenvolvendo comunicação assertiva, autentica e compassiva para o relacionamento interpessoal e profissional.

 

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